13 de novembro de 2009

Sobre mim e poesia

Conheci poesia na escola, embora minha casa fosse recheada de livros, cultura saindo pelo ladrão...Mamãe pedagoga, papai psicanalista, uma loucura! Eu nasci normal, embora mamãe tenha dito que foi fórceps...E o Freud morava lá em casa...
Cresci enfiada nos livros e olha que eu nem era feia, muito estudo, muita informação. E eu achava bonito colecionar papel de carta perfumado e fazer livro de poesias, minhas e dos outros. Sempre gostei das poetisas, acho que as mulheres conseguem confeitar mais as palavras, pôr doce no amargo.
Acho que é por isso que gosto da Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nascida na Cidade de Goiás em 20 de agosto de 1889 e falecida em Goiânia em 10 de abril de 1985. Cora foi quituteira, mãe, escritora e poetisa.
Leio este poema e penso em mim, que faz um bolo quando está feliz, que faz um bolo quando está triste, que joga suas dores na panela e mexe, mexe, e faz um caldo gostoso, que gosta de transformar o ruim, o mais ou menos em assados e que quando fica pronto já virou a página, servindo tudo com café prá ficar mais poético.
Por isso, pego emprestado um poema da Cora e apresento a vocês:

Todas as vidas (Cora Coralina)
(extraído do livro Poemas dos becos de Goiás e estórias mais - Global Editora - 1983 - S.Paulo, Brasil)

Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho,
olhando pra o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho,
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
– Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos.
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera das obscuras.

7 de novembro de 2009

Você faz xixi no banho?

Numa época em que o bonito é ser politicamente correto, ambientalista, natureba e ter cara de pepino, colocar-se contra alguma atitude desta natureza causa um impacto muito maior que o ambiental: "o quê, você NÃO faz xixi no banho??????????????????????" (cara de espanto ou de pepino se preferir).
Pois é, gente, confesso que, apesar de toda a minha consciência ecológica, ando com vontade de esganar o criador do slogan "você faz xixi no banho?"...
Não, porque é muito bonitinho na televisão, naquela propaganda onde baixinhos e grandinhos fazem um xixizinho no box, mas convenhamos, e o xibó que fica impregnado no banheiro, após este ato tão fofo e amigo da natureza, hein? Ou seu xixi cheira a rosas?
Experimente fazer um xixizão concentrado no banho, daqueles de um dia inteiro, que não desce todo ralo abaixo não (esqueceu que tem aquela aguinha parada no fundo do ralo?), fechar a porta do banheiro e num dia de calorzão como hoje, voltar lá 1 hora depois...É cheiro de wc de rodoviária minha gente, concentrado, pode até ter evaporado, mas o odor não, disputando espaço com os sabonetinhos cheirosos e sais de banho que tenho por lá. Deus do céu!
Meu filho, que está sendo ecologicamente educado, tá todo engajado, repetindo que 1 descarga a menos por dia gera economia de 12 litros de água. Ainda mais para nós aqui onde moramos, onde a água é preciosidade e usamos fossa séptica!
Tô achando mais fácil marcarmos horário para um xixi coletivo em família e depois mandar tudo por água abaixo numa única apertada de descarga.
Porque se continuar assim, teremos uma economia de água e um gasto excessivo de desinfetante cheiroso para perfumar o box, que se bobear vai agredir muito mais a natureza, pois nem sempre compramos produtos biodegradáveis, outro deslize meu.
É melhor então ensinar meu filho a fazer xixi na grama, lá no banheiro do Fredy...
Eu sei que ainda tenho muito que evoluir neste quesito e outros tantos que acho que nem umas 5 encarnações vão resolver meu caso, mas cada um com sua consciência.

Para os meus amigos leitores mais evoluídos do que eu, mais informações no http://www.xixinobanho.org.br/

PS - quando acabei de escrever este texto, recebi um e-mail de um amigo com uma triste realidade: coalas morrendo de sede na Austrália devido ao calor excessivo, mais uma consequência do aquecimento global. Fiquei mal...A natureza pede socorro!

Por isso vou lançar agora uma campanha: "vamos fazer mais xixi no escritório"...ha ha ha...


4 de novembro de 2009

A que ponto chegamos!

Tem certas coisas que vão nos irritando e um belo dia tomam proporções gigantescas, que só esganando alguém prá se sentir um pinguinho aliviado...
Sabe as centrais de telemarketing, aquelas que te ligam desmedidamente, insistentemente, até você, do outro lado da linha mandar a infeliz da atendente para aquele lugar?
Pois estou passando por um caso assim, e o pior, tenho que provar que sou a vítima!!!!!!!!!!!
Desde abril recebo todos os dias às 08h05 da manhã uma ligação da Aymoré, procurando um tal Sr. Júlio César, que no mínimo deu um calote nesta empresa. E a meio ano tento explicar que esta criatura não mora aqui, nunca morou (o endereço também confere) e peço que retirem o meu telefone da lista deles. Em vão!
E assim, dia após dia, atendente após atendente, rezo a mesma missa e escuto a mesma coisa:
- " não desistimos porque um dia ele atende..."
- " senhora, não posso fazer nada, é o sistema que faz a ligação..."
- " senhora, a senhora não me xingue, que eu estou fazendo o meu trabalho..." - o de me atormentar, é claro, sem direito a reclamação!
- " senhora, não sei informar como tirar o seu telefone do cadastro, só o Sr. Júlio César poderá fazer isso..." - isso se ele pagar a conta!
E o absurdo dos absurdos foi eu ter instalado um identificador de chamadas, só para não atender o número deles, com uma despesa a mais na minha conta de telefone.
Pra quem reclamar???? Já usei os canais de comunicação, falei na Ouvidoria, mas de que resolve, até agora ninguém me ouviu!
A que ponto chegamos! Ter que provar que o caloteiro não mora na minha casa, não é dele esta linha telefônica, ter que implorar para que parem de me perturbar!!!!!
Reclamar prá quem? Reclamar prá quê? Problemas do mundo moderno? Foi como o caso da lava-louça, que eu "agredi" e não que veio com um probleminha de fábrica...
E o meu processo contra uma loja que não me socorreu, após uma cadeira despencar do alto de uma prateleira na minha cabeça, rachar meu côco, sangue pra todo lado...sabe o que o Gerente fez? Nada!
Ao invés de chamar uma ambulância, ele foi ao banheiro buscar papel toalha para cobrir o sangue que escorria no chão, para não assustar os outros clientes!! Levei 5 pontos e fiquei parecendo um padre franciscano, pois rasparam o topinho da minha cabeça no melhor estilo tigelinha para poderem costurar. 
E assim, dia após dia vamos perdendo a fé nas instituições, pois é mais fácil eles empurrarem guela abaixo que eles estão trabalhando e a gente tá tentando impedir, do que a sociedade ser revista, ensinar boa conduta desde a escolinha maternal, assim quem sabe, haveriam menos caloteiros, pessoas usando endereço e números de telefones falsos, menos empresas se achando no direito de ferir o direito do próximo de não querer ser incomodado, gente mais honesta, sociedade mais justa.
Pronto, falei!
E mudando de pato prá marreco, ou melhor prá porco-espinho, recebi um e-mail de uma amigona com fotos fofas de bebês desta espécie...Vejam que graçinha, dá até vontade de apertar, opss!


O que se atracou com o atacou o Fredy já era adulto, muito maior e bem feinho.
Ele já está ótimo, tanto que hoje roeu o bambu que cerca a minha roseira. Bem, isso é sinal que tudo já voltou ao normal...




(foto: internet)