Ano novo, vida nova! Pelo menos deveria ser assim e sei que é para muitos de nós.
Naquele brinde com champagne renovamos nossos votos de amor, promessas, redução de peso, mais tolerância, menos estresse. Tudo bonito, como se a virada do ano fosse um grande passe de mágica coletivo.
Então vem o dia seguinte e ao ligarmos a televisão, nem tudo são fogos.
Há muito tempo parei de escutar o noticiário pelo rádio, coisa que antes, se ficasse sem, me sentia um E.T. Pegava todo o engarrafamento da manhã e noite me envenenando aos poucos, pois infelizmente o que escutava era uma seleção de desgraças. Para completar, fechava o dia com jornal na TV e ia dormir pesada, contaminada pela desgraça alheia.
Até que um dia dei um basta e mudei de estação.
Mesmo hoje, com outros rumos profissionais, onde nem sempre "estaciono" meu carro no congestionamento, me recuso a tomar estas pílulas diárias que só fazem azedar o dia. Às vezes nem percebemos que acordamos bem e em pouco tempo baixa uma deprê.
O nosso elenco de notícias é digno de filme trash ou de terror: desabamento, deslizamento, alagamento, roubalheira, sem vergonhice nos Três Poderes e por aí vai.
O fato é que é impossível ficar alheia a notícia do momento: a tristeza da virada em Angra.
O nosso elenco de notícias é digno de filme trash ou de terror: desabamento, deslizamento, alagamento, roubalheira, sem vergonhice nos Três Poderes e por aí vai.
O fato é que é impossível ficar alheia a notícia do momento: a tristeza da virada em Angra.
E a mídia, é claro, nos martela insistentemente a dor e a desgraça do ocorrido e a gente vai mudando de canal procurando alguma outra informação, numa variação sobre o mesmo tema.
Hoje de manhã, no rádio do carro, ouvi um comentário "do mal", na mesma estação que ontem exibia trechos comoventes da entrevista como os donos da pousada atingida, que mais que a perda financeira, perderam algo inestimável e irrecuperável: a filha.
Esta mesma rádio, que ontem afagava, noticiava que a pousada em questão não tinha licença ambiental para funcionar, fato que a prefeitura local iria averiguar para tomar as providências.
Na sequência, foram atrás da entidade reguladora da questão e concluíram a matéria com a informação de que esta licença em nada impediria a fúria da natureza que ali se apresentou, porém dando então um outro tom à notícia, como se quisessem agora transformá-los em réus...
Cheguei a conclusão que é mesmo da natureza humana querer achar um culpado para tudo e inicia-se uma nova etapa: vamos malhar o Judas!
Acho que para 2010 quero copiar um pouco o estilo da minha secretária aqui de casa: das notícias quero saber apenas as manchetes e preencher o pensamento com músicas tolas, que não te fazem pensar, mas que inevitavelmente te fazem mexer as cadeiras. Acho que vou comprar o CD do Calcinha Preta, parar de assinar a Veja e ler mais Contigo!